sábado, 28 de janeiro de 2012

A ESCOLA : RESENHA CRÍTICA

Durante todo o seu percurso, até hoje, na condição de romance, A ESCOLA:ONDE ESTÁ UM, ESTÃO TODOS, recebeu inúmeras resenhas. Todas com o seu valor e peculiaridades... Entretanto, nenhuma delas havia me chamado tanto a atenção nesses 30 anos, como a pequena  análise feita por Bruno Marinho de Matos, jovem jornalista esportivo  de O LANCE. Diria mesmo que ele captou o espírito da obra em sua mais profunda essência. Talvez por ter quase a idade que eu tinha quando escrevi a peça teatral -  não sei! - ele teve a sensibilidade necessária para perceber o espírito crítico e questionador que me levou a  narrar a saga de BOLÍVAR BUENO.
Sem me alongar mais, faço questão de transcrever abaixo as palavras desse jovem que também é escritor. E dos bons...:

" Um pouco depois do que eu pretendia, terminei o A Escola. O que dizer a respeito do livro? Antes de mais nada, é uma verdadeira aula de história em forma de romance. Para mim, que sempre teve a disciplina como a favorita nos tempos de colégio, foi um prazer muito grande me aprofundar em um período que sempre foi um dos meus prediletos, ao lado do Estado Novo.

Realmente me surpreendi positivamente com o fim do romance, a tragédia de Bolivar Bueno, mesmo com certo sabor de redenção para o personagem. Gostei muito do desenrolar final. No início da história, ele é tão cheio de virtudes, perspicaz no trato com os alunos, com as mulheres, com seus inimigos, que imaginei que ele conseguiria superar o fracasso ao qual sua luta estava fadada. Seria um heroi romântico, perfeito e, fatalmente, enfadonho. Por mais que eu soubesse o fim da história no seu viés de realidade, imaginei que ele conseguiria encontrar a vitória de alguma maneira.

No fim, para mim, a história de Bolivar Bueno foi o retrato, numa esfera pessoal, do movimento da esquerda brasileira no período em que o livro se passa. Sonhador, idealista, que superestimava suas capacidades e subdimensionava o papel das massas em um movimento revolucionário num país com as dimensões do Brasil. Achar que seria capaz de mudar o mundo no comando de uma dúzia de crianças é o mesmo que pensar numa revolução comunista baseada apenas na participação da intelectualidade, de comunistas da classe média e poucos sindicalistas.

A derrocada de Bolivar Bueno é a derrocada da esquerda. A causa era justa, como o professor mesmo dizia. A coragem de lutar por ela já foi algo que destacou o mestre-escola e o movimento do comportamento da maioria. Mas entre o querer e o poder, há sempre uma grande diferença."

Bruno Marinho de Matos - 26/01/2012